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sexta-feira, 1 de maio de 2015

Ayrton Senna - Por Alessandro Barasuol



Fonte da imagem: Faster F1

Me lembro como se fosse hoje. Essa frase se tornou lugar-comum quando nos referimos ao acontecido, mas para mim, que tinha sete anos à época, é uma das lembranças mais antigas que tenho de minha própria vida.

Eu estava em casa naquele domingo, sozinho na frente da TV assistindo aquela corrida. Lembro exatamente da voz do Galvão ao narrar “Senna bateu forte!”. Minha mãe nesse momento veio correndo do quarto assustada. Lembro de ter pensado, “pra quê tanto apavoramento, eles batem a toda hora, foi só mais uma”. Mas não, não era só mais uma.

Na minha inocência infantil não liguei muito, achei até normal tudo aquilo, embora nunca tenha visto helicóptero levar piloto nenhum acidentado. Mas, afinal, ele merecia tal tratamento, ele era o melhor, pensava eu.

Não tinha noção da dimensão do que estava acontecendo e de quanto aquele dia seria marcante. Não tinha noção nem do que era a morte, afinal de contas.

Tenho poucas lembranças anteriores àquele dia. Uma em especial foi o dia da icônica carona no carro do Mansell. Lembro de ter achado aquilo incrível na época. Afinal, para mim, eles eram inimigos e jamais o cara de macacão vermelho – meu herói – subiria no carro do cara de macacão azul. Sem contar na confusão em minha mente, pois se os dois chegaram no mesmo carro, quem teria ganho aquela corrida? Intrigante mistério que tempos depois esclareci.

Hoje, passados vinte e um anos daquele dia, despojado da ingenuidade da infância, tenho senso crítico suficiente para entender que aquele “herói” foi em muito criado pela mídia. Fazia parte do jogo comercial. Até hoje é assim, com heróis sendo criados e nos empurrado goela abaixo a todo momento. Basta ver os BBBs que hoje são assim chamados.

Não pretendo aqui desconstruir o mito, pois o que ele fazia dentro de um carro era, de fato, mítico e digno de aplausos. Foi ele que me fez gostar de corridas de automóveis e para mim é mais do que suficiente para reverenciá-lo.
Além do mais, se for para elegermos heróis em nossas vidas, que seja. Tenho o meu. E não é um babaca qualquer de sunga fazendo micagens para uma câmera.

Tenho pouco a lembrar, mas tenho algo. Aos mais jovens, que não têm esse privilégio, e tentam, hoje, entender ou dimensionar a sua grandeza e o que ele representava, me desculpem, mas vocês não conseguirão. Eu mesmo já tentei explicar, em vão.

Só sei que ele era capaz de fazer um menino de sete anos sair de sua cama quentinha num domingo cedo e ficar sozinho na frente da TV.

Valeu, Senna. Valeu.

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